Já ouviu falar em tanatopraxia? Possivelmente, não.

Além de ser um nome difícil, a palavra está relacionada à morte, um tema que ainda é tabu em muitas culturas, inclusive no Brasil.

Mas mesmo não conhecendo a palavra, talvez você conheça a prática.

A tanatopraxia é a conservação de cadáveres, realizada em casas funerárias que preparam os corpos antes de velórios e enterros.

Ela ocupa nosso imaginário a partir de referências de filmes, séries e programas televisivos.

A série “A sete palmos” (foto abaixo), produzida pelo canal HBO, por exemplo, apresentou a rotina de uma família que administrava uma funerária, em Los Angeles.

E quem se lembra do filme “Meu primeiro amor”? Pois é, nele, o pai de Vada, Harry Sultenfuss, era um agente funerário, e a personagem de Jamie Lee Curtis, Shelly Devoto, era responsável pela necromaquiagem.

Na série “A sete palmos”, a história se desenrola em torno da rotina da funerária da família. Imagem: Reprodução HBO.

A tanatopraxia exige cuidados e técnicas que são quase cirúrgicas.

Para saber mais sobre esta área de atuação, conversamos com José Eustáquio Pereira Barbosa, Técnico em Anatomia e Necropsia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Ele também é formado em Enfermagem e já trabalhou como embalsamador em funerárias.

Embalsamamento versus tanatopraxia

José Eustáquio nos explicou que há ligeiras diferenças entre as técnicas de embalsamamento e a tanatopraxia:

  • Embalsar: conserva o cadáver por um período maior, principalmente quando o corpo vai ser transladado por longas distâncias.
  • Tanatopraxia: conserva o corpo por um período mais curto, entre 24 e 48 horas. As técnicas incluem cuidados com a estética do cadáver, mas também com a saúde pública durante o velório, para evitar disseminação de doenças.

A necromaquiagem, por sua vez, contempla suturas para fechar boca e olhos, restaurar partes do corpo que ficam visíveis no velório, caso seja necessário, e ornamentar o caixão com flores.

“A tanatopraxia paralisa temporariamente a decomposição do cadáver e dá segurança para momentos de despedida dos familiares e amigos”, explica Eustáquio.

Mercado de trabalho

O mercado para quem quer atuar com tanatopraxia é bastante concorrido, e exige profissionais qualificados.

Principalmente no interior do Estado, há mais opções de trabalho.

“Nas cidades pequenas, muitas funerárias passam de pai para filho, mas nem todos buscam qualificação conforme as exigências da lei”, explica José Eustáquio.

Pensando na formação de profissionais qualificados para atuarem nesta função, a Faculdade de Medicina da UFMG oferece um curso de capacitação profissional em tanatopraxia, o único ofertado por universidade federal de Minas Gerais.

“Recebemos alunos de todo lugar, donos de funerária do interior, pessoas com preocupação em se qualificar para atuar na área”, conta José. O curso está com inscrições abertas até 1º de fevereiro.

Durante a formação, os interessados aprendem sobre anatomia, técnicas de conservação, embalsamento e necromaquiagem.

Confira a matéria na integra aqui: https://minasfazciencia.com.br/2019/01/22/tanatopraxia-conservacao-de-cadaveres/ 

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